Gosto do que vejo (e demorou para isso acontecer)
O que minhas amigas da vida adulta me ensinaram sobre quem eu realmente me tornei
Quando falei para uma amiga, da vida adulta, que eu era uma pessoa difícil de lidar, ela respondeu na hora, com um ar meio espantado: “Você?! Você não é nada difícil de lidar!”. Foi nessa hora que eu percebi: eu tenho uma versão adulta de mim mesma.
De todos os tipos de relações, acredito que as que mais te mostram quem você se tornou são as amigas da vida adulta. Não que as outras amizades não sejam importantes e revelem muitas coisas sobre você. Todas são. Mas essas, as amigas da vida adulta, são um espelho quase fiel das escolhas que você fez, dos caminhos que decidiu trilhar. E de quem você escolheu para estar ao seu lado.
Os amigos da infância são aqueles que começam a vida com você. E, embora não se lembrem de tudo, testemunharam birras, medos, desafios, pequenas e grandes descobertas. Juntos, vocês entenderam como se comportar no mundo. Eles te viram crescendo e se tornando um ser humano completo. E complexo. Na prática. No dia a dia.
As amizades da adolescência te acompanham no extravasar. No pulsar da vida. Amores, dores, novas descobertas, exageros, mudanças. São elas que estavam lá nas primeiras grandes decepções. Quando parecia que tudo era para sempre - relacionamento, tristeza, felicidade. E mesmo quando não sabiam exatamente o que estava acontecendo na sua vida, sentiam. Juntas.
Depois, chegam os amigos do início da vida adulta. Aqueles que dividem os projetos profissionais, os sonhos, as ambições, as conquistas. E diversão nos intervalos. São eles que te lembram que a vida não é só trabalhar, namorar, casar ou ter filhos. Eles estão ali quando você mais precisa. Pode contar, mas não some.
E então, quando você já atravessou um bom tanto de vida, pode ser que dê sorte - mas não é só sorte - de encontrar novas amizades: as amigas da vida adulta. Elas podem surgir de formas aleatórias. Através de uma amiga. De uma mentoria. De um jantar de aplicativo. Da escola do seu filho. Da academia. Do prédio que você acabou de se mudar.
Essas amizades são as que te mostram, sem filtro, quem você se tornou. Elas te falam sobre seus limites, suas vontades, suas necessidades. Sobre o que você gosta ou não. O que tolera. O que repele. O tamanho da sua disposição.
Te mostram que você não é mais aquela menina brava. Nem a adolescente complicada. E que sim, algumas escolhas do início da vida adulta podem não ter dado muito certo. Mas ainda há vida. Muita vida.
E dança. E arte. E música. Gargalhadas, choros (de emoção, de desespero, de alegria). Colo, ombro, abraço. Mãos, dicas e conselhos.
Comida boa. Um novo mundo para explorar. Sonhos para bancar. Junto, claro, com todas as contas que você precisa pagar.
Mas, mais do que tudo, a satisfação de estar juntas. De conseguir fazer isso acontecer. De escolher. Pertencer. E de se reconhecer, em cada uma delas. Em pequenas partes e grandes conexões.
Depois de tanto trabalho - principalmente, interno - vivências e experiências. São essas mulheres que eu me tornei. As amigas que chegam. E as que permanecem comigo na vida adulta. Elas são o meu espelho. E eu — finalmente — gosto do que vejo.
Amiga, me identifiquei com tanto! E me identificar com você é tão bom! Ahhhh, as amizades da vida adulta! Obrigada por colocar em palavras!
Que coisa linda! Eu tb gosto demais do que vejo em vc! ♥️